Do CLT para o MEI: conheça a história de uma empreendedora de sucesso
Não é difícil encontrarmos exemplos do empreendedorismo feminino na prática. Quantas mulheres você conhece que empreendem? Ou melhor: no seu dia a dia, com quantas empreendedoras você se depara? Seja na vizinhança, trabalho ou ao frequentar estabelecimentos comerciais.
Gisele Fernanda Moreno Vieira, 36 anos, é manicure/nail designer, mãe e mais uma empreendedora brasileira. Mas a trajetória empresarial dela tem uma história única, já que antes de ser autônoma Gisele depositava a estabilidade na carteira de trabalho assinada.
Para abrir mão do regime CLT e se tornar MEI, a nail designer traçou planos e estabeleceu metas realistas. Essa foi uma maneira que ela encontrou de ter o máximo de controle possível, afinal, os imprevistos fazem parte. Algumas dificuldades apareceram após a escolha, mas foi possível contorná-las e hoje Gisele segue como microempreendedora na área.
A fim de nos aproximarmos mais do empreendedorismo feminino na prática, Gisele topou compartilhar um pouco de como foi todo esse processo. Apesar de cada experiência ser individual, com certeza alguns traços das vivências dela se encaixam com os de muitas outras mulheres, as quais também desejam abrir o próprio negócio.
Empreendedorismo feminino na prática: confira a entrevista!
1) Como você se preparou para abandonar o CLT e abrir o próprio negócio?
Gisele: O preparo para eu abrir mão do CLT e começar o meu empreendimento veio quando a demanda de clientes que eu já tinha, após o meu horário de trabalho, estava em um nível alto, onde eu consegui fidelizar. Eu tinha uma meta de clientes fidelizados, que era um valor que eu conseguiria me manter, então quando eu atingi ela eu comecei a ver as possibilidades de sair definitivamente do meu emprego e viver voltada somente para unha. Até que me vi desempregada um período e uma moça, que congregava comigo na igreja, tinha um salão e me ofereceu para fazer um teste.
Na época, eu só sabia fazer aquela unha básica, mas ela disse que me ensinaria a fazer. Eu fui e ela me emprestou os materiais, eu fiz a unha dela, ela me apontou os erros que eu poderia melhorar e eu comecei no salão dela. Mas eu sempre tinha aquele negócio “nossa, carteira assinada é tudo” pois te dá aquela falsa sensação de segurança e estabilidade. E eu continuei entregando currículo e trabalhei por um mês nesse salão.
Em 15 dias eu já tinha todo o meu material, com meu investimento. […] Então eu vi uma possibilidade de ter uma renda extra, mas eu ainda era focada no CLT. Com o passar do tempo, eu fui aprimorando e esse aprimoramento me levou a ter algo que eu não tinha com carteira assinada: paixão pelo o que eu fazia, eu antes não tinha me descoberto profissionalmente. A unha me trouxe essa paixão. Foi aí que eu comecei a me preparar, quando eu já tinha uma meta e um número X de clientes, que era o suficiente para eu conseguir sobreviver somente da unha e do trabalho autônomo.
2) Quais foram as inseguranças e medos em iniciar essa nova fase?
Gisele: As inseguranças e os medos foram muitos, mas o principal foi a autossabotagem. O ser humano tende a sempre olhar o trabalho do outro e achar que o outro é sempre superior a si. Eu olhava e falava “meu Deus, nunca vou conseguir uma cutilagem dessa” ou eu considerava que o meu tempo de atendimento era muito longo. Esses medos me paralisavam, mas quando eu entendi que eu tinha minha individualidade, que era o que eu gostava de fazer e que meu maior adversário era somente eu mesma e que eu deveria me vencer, foi quando comecei a colocar metas pra mim.
O que eu fazia: eu ia atender uma cliente e estipulava fazer o serviço em uma hora e cinquenta minutos, então eu ligava o cronômetro no meu celular e ia fazendo, comparando com o horário que eu acabava e vendo o que podia fazer para melhorar. Foi dessa forma que eu consegui não mais me autossabotar e criar uma certa segurança para eu não desistir. Porque o empreendedorismo é muito difícil, no meu caso eu sou a empresa: a mão de obra, a compradora, a contadora, a faxineira, eu sou o financeiro. Então eu faço tudo! Você se organizar leva tempo e é uma das maiores inseguranças da sua carreira, do novo empreendimento que você está buscando. Essa insegurança foi a principal, onde eu não conseguia confiar em mim mesma, eu sempre me diminuí e elevei o trabalho das outras pessoas.
“A unha começou na minha vida como uma necessidade” — Gisele
Pensei em parar inúmeras vezes por causa disso, essas autocomparações com as outras pessoas. Também é preciso saber que em todos os lugares têm pessoas que vão gostar e não gostar do seu trabalho. Mas acho que o principal é sempre fazer para o outro o que você gostaria de fazer para você mesmo. Esse é o diferencial para o empreendedor, você ter essa sacada de “onde eu posso melhorar sempre”. Não é porque a cliente é fixa, vem toda semana, que eu posso me acomodar com isso.
Toda semana é um novo começo, eu tenho que fazer melhor do que eu fiz na semana passada. É isso que fideliza, que prende a cliente e faz você não ter mais medo. Eu costumo dizer que independentemente se eu fiz a cliente pela primeira vez ou várias vezes, eu sinto o mesmo medo, o mesmo temor. Eu tento buscar sempre fazer o melhor para que ela se sinta satisfeita, mas acima de tudo eu me sinta satisfeita com aquilo que eu estou oferecendo.
3) Entre as dificuldades do começo, quais foram as principais e como você lidou com elas?
Gisele: As dificuldades do começo foram duas: organização financeira e ouvir as pessoas. Quando nós temos um sonho e esse sonho condiz com aquilo que você acredita, você não deve dar ouvido para as pessoas, porque elas não entendem. É a questão da fé: você põe o pé sem saber onde está o degrau, mas você sabe que ele vai surgir no meio do caminho. Quando eu comecei eu não sabia como ia ser, porque o mês é muito oscilante: tem dia que você tem muita cliente e tem dia que você não tem. Essa instabilidade me dava uma dificuldade muito grande de lidar com isso.
Mas quando eu passei a entender que eu tinha que viver um dia de cada vez e que eu tinha certeza que era o que eu queria, progressivamente eu alcançaria os meus objetivos. Acredito que a dificuldade do começo é você ouvir muito as pessoas e não confiar naquilo que te motiva, que te impulsiona, porque a gente sabe que vai dar certo. Quando é para ser você sente, você sabe, visualiza, você busca aquilo. Aquela meta sua está logo ali, ela pode estar distante, mas na sua mente ela está logo ali.
Essas foram as principais dificuldades do começo, ouvir as pessoas e a questão de ter organização financeira, porque é um negócio que precisa de muita organização e não é de qualquer jeito. “Eu vou começar, eu vou fazer, mas quanto que essa cliente custa para mim?” esses pontos foram dificuldades que eu tive no começo, de entender, trabalhar, de saber precificar, custear e entender para eu também não sair no prejuízo.
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4) Conta, por favor, os principais ganhos e resultados obtidos a partir da sua escolha!
Gisele: O principal ganho para mim, partindo para essa parte de MEI, foi os meus filhos. Quando eu decidi viver somente da unha, foi quatro meses antes de estourar a pandemia de Covid-19. Na pandemia eu agradeci muito, porque eu tive medo de como ia ser, mas também tive a paz de saber que eu tive a oportunidade de comparecer com meus filhos. Eu me adequei a esse novo momento que passamos, continuei atendendo com todos os protocolos de segurança, consegui permanecer com meu filhos, seguros e dentro de casa. Acho que esse foi um dos principais ganhos pra mim.
E eu acho que o maior resultado que eu obtive foi a minha satisfação pessoal, saber que era algo que eu tinha prazer em fazer. Pra mim não importava o dia, a hora… Olhar para aquela pessoa, que estava sentando na minha mesa, e ter a capacidade de transformar a autoestima dela, era muito satisfatório, porque hoje em dia você fazer unha não é mais aquilo só do que era antes, de fundo de quintal.
Fazer a unha eleva a autoestima da mulher e hoje não é mais só aquela questão “ah, eu vou fazer a unha”, hoje em dia a unha passou a ser, como eu posso dizer, o seu cartão de visita. Acho que esse foi um dos resultados obtidos a partir disso. Você olhar pra pessoa e ver o olho dela brilhar e falar “nossa, eu amei”, “eu estava precisando dessa repaginada”, “minha unha era assim e você conseguiu acertar”, então esses feedbacks para mim é a minha maior satisfação.
5) O que você gostaria de ter ouvido quando tomou essa decisão?
Gisele: O que eu posso dizer para as mulheres que estão pensando em tomar essa decisão, é uma frase que tenho comigo que eu li de um livro. Ela diz assim: “Visualizei o meu futuro e decidi fazer morada lá”. Independentemente da circunstância, se é algo que você quer, você precisa ser o seu principal motivador. Assim como você é o seu maior sabotador, você também tem que ser o seu principal motivador.
Não importa o que as pessoas vão dizer para você, você tem que visualizar o seu futuro e fazer morada lá, acreditar no seu talento, na sua capacidade e jamais deixar de buscar conhecimento, porque o conhecimento é algo que ninguém tira de você. Então conhecer a sua profissão, o que tá no mercado, estudar, fazer novos horizontes… É focar no que você pode fazer de melhor para sua cliente, para o seu público. O que você gostaria que fizesse para você, faça para o outro, porque com certeza o resultado virá. Pode não ser de imediato, mas virá.
O dinheiro é uma consequência. Não é a necessidade em si, porque o maior preço que a gente pode ter é a satisfação do retorno daquilo que você investe. E o melhor valor que podemos receber é entender que nós estamos no caminho, fazendo aquilo que nós queremos fazer. Não estamos mais presas a um determinado tipo de padrão, mas nós estamos disponíveis para ir muito além. Tudo o que você quiser e desejar, se você insistir, persistir e não desistir, é totalmente alcançável. Vai haver pedras, mas você utiliza essas pedras para construir o seu castelo. Não vai ser fácil, porque tudo que é bom exige sacrifício, mas no final posso te garantir que vale a pena. Coloca sua fé em ação, todo seu esforço, todo seu amor, e a recompensa virá.
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