A definição de violência doméstica é ampla, mas precisa ser detalhada em quaisquer explicações. Isso porque a agressão não se resume apenas à força física, como em casos de empurrões, beliscões, puxões de cabelo ou tapas. Insistir para ter relações íntimas é uma forma de violência.

Aumentar o tom da voz numa discussão, fazer chantagem e humilhar também é um formato de agressão. Proibir a pessoa de fazer o que ela gosta, por exemplo sair com os amigos e passar maquiagem, é outra maneira de violar a individualidade de alguém.

A quebra do ciclo vai além da denúncia: ela precisa ser feita no momento mais apropriado para a vítima. Isso não quer dizer “passar pano” para o agressor ou somente deixar para resolver a situação depois, mas sim racionalizar os ocorridos e garantir que os resultados sejam conquistados da forma mais efetiva possível, para evitar futuros desgastes. Para romper um relacionamento abusivo é necessário muita energia emocional e suporte de terceiros.

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Quais são as fases da violência doméstica? 

De acordo com o Instituto Maria da Penha, a violência doméstica pode ser identificada a partir de um ciclo que se repete pelas fases de “aumento da tensão”, “ato de violência” e “arrependimento e comportamento carinhoso”. Cada um desses períodos é marcado pelas seguintes características:

Fase 1 – Aumento da tensão

O agressor fica irritado ou tenso, aparentemente por coisas insignificantes. São descontroles de raiva que levam a discussões, objetos quebrados, humilhações e ameaças. A vítima sente-se com medo, retraída, mas ainda assim tenta contornar a situação procurando em si mesma a causa do ocorrido ou justificando que a pessoa teve um dia ruim no trabalho. Angústia e ansiedade aparecem nessa fase. 

Fase 2 – Ato de violência 

Reconhecido como o momento de explosão, toda a tensão da fase 1 é demonstrada aqui na forma de agressão física, verbal, sexual ou psicológica. Este pode ser o momento em que muitas mulheres buscam ajuda ou denunciam os agressores.

Entretanto, é comum o sentimento de impotência, medo, pena de si, vergonha e confusão. Outras consequências também são sentidas na saúde emocional e física, como insônia, casos de perca de peso e fadiga.

Fase 3 – Arrependimento e comportamento amoroso

Esta é a fase conhecida como “lua de mel”, pois o agressor mostra-se arrependido momentaneamente e trabalha para reconquistar a confiança da parceira. Nisso, a dependência emocional retorna com força, já que a mulher sente-se responsável pelo outro e busca se esforçar para manter tudo dentro dos eixos. Após dias, semanas ou meses, o ciclo retorna para a fase inicial.

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6 etapas para a quebra do ciclo de violência doméstica contra mulheres

Juliana Lemes da Cruz é doutoranda em Política Social pela UFF, assistente social de formação e Mestra em Saúde, Sociedade e Ambiente pela UFVJM. Além disso, é professora de ensino superior e Cabo da Polícia Militar de Minas Gerais. 

Tanto pelos estudos quanto pela vivência prática, enquanto policial que atende casos de violência doméstica, a profissional formulou quais são os seis passos necessários para concretizar uma denúncia de agressão à mulher. 

De acordo com Juliana, mesmo esse sendo um assunto de extrema importância e necessidade de ter visibilidade, não é tão simples assim realizar uma denúncia efetiva, isso porque nem sempre a vítima está preparada emocionalmente para lidar com o pós-término. O “Plano de Denúncia” é dividido nas seguintes estratégias, as quais devem ser seguidas em ordem: 

1) Fortalecimento de si mesma 

O primeiro momento é marcado pelo autoquestionamento perante às situações de violência. A mulher sabe o que está acontecendo, mas admitir para si mesma não é tão fácil. O autoconhecimento pode fortalecer a autoestima e saúde mental da vítima, além de ajuda terapêutica (apesar de que, infelizmente, nem todas mulheres têm condições de sustentar apoio profissional). 

Aqui, a vítima deve desenvolver a ideia de ruptura do relacionamento e sentir-se firme a alcançar esse objetivo. Segundo Juliana, o Disque 180 também pode servir como canal público de informações úteis para conduzir a mulher nessa fase. 

2) Identificação dos aliados 

Não há nada de errado ou vergonhoso em pedir ajuda. Inicialmente, sinalizar o que está acontecendo pode ser uma maneira de começar essa etapa e, com o tempo, desenvolver diálogos mais profundos com as redes de apoio da mulher (seja as primárias, como amizades e família, ou órgãos públicos voltados ao enfrentamento da violência doméstica).

3) Principais desafios 

Quais as maiores dificuldades em se enfrentar essa situação? Todos os aspectos devem ser considerados: desde o perfil do agressor, dependência financeira, presença de filhos frutos do relacionamento. Juliana formula algumas perguntas a serem respondidas nessa fase, como: 

  • “Você sente culpa em razão da situação vivenciada?”;
  • “Sente compaixão pelo agressor? Ofereceria mais uma chance para ele?”; 
  • “Existe potencial de lesão corporal ou morte?”. 

4) Elementos facilitadores 

Pontue aquilo que está a seu favor nessa decisão. Acolhimento familiar, de amigos, coletivos de mulheres são elementos facilitadores. Integrantes de organizações governamentais e não governamentais também podem ser procurados, assim como grupos presentes nas redes sociais. Outra característica importante é a independência financeira!

5) Elementos-base para o recomeço 

É hora de rever tudo o que foi construído até agora e levar isso para a realidade, mas ao considerar três pilares: 

  • Econômico: entenda a particularidade da sua situação. Leve em consideração quaisquer custos e como eles serão arcados. Não esqueça das possíveis emergências que podem aparecer;
  • Apoio moral: quem realmente dá suporte à situação? Ter pessoas confiáveis por perto é necessário, a vítima não precisa passar sozinha por essa situação. Tanto faz se for família, amigos de trabalho, vizinhos ou de instituições religiosas: o importante é ter com quem contar;
  • Autoconfiança: para caminhar sozinha é necessário ter coragem e acreditar em si mesma. Os momentos de enfrentamento e experiências de superação devem ser relembradas e usadas como ferramentas para fortalecer a si própria.

6) Denúncia

O boletim de ocorrência deve ser feito em uma base da Polícia Militar ou Polícia Civil. O relato das agressões sofridas deve ser contado cronologicamente e o último ato de violência deve estar incluso. Lembre-se que a agressão não se restringe apenas ao abuso físico, mas também psicológico, sexual e verbal. 

Por que o empreendedorismo é uma alternativa para romper o ciclo de violência doméstica?

Iniciar o próprio negócio pode trazer independência financeira às mulheres vítimas de violência doméstica, sendo este um critério presente entre os “elementos facilitadores” desse rompimento. Seja como comerciante ou prestadora de serviço, a mulher pode iniciar sua carreira profissional formalizada ao se tornar microempreendedora individual.

O MEI é a categoria que mais cresce no Brasil e que garante a abertura gratuita do CNPJ. Além disso, existe um leque de atividades que podem ser realizadas dentro do setor. Outras vantagens são os tributos baixos, possibilidade de emitir Notas Fiscais, acesso a benefícios do INSS, empréstimos específicos para quem é microempreendedor e muito mais. Fora essas questões que envolvem diretamente o negócio, há também o aumento na autoestima da vítima. A mulher passa a se sentir mais empoderada e autoconfiante.

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